sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Entrevista por telefone?!

Desta vez arrisquei...

Maior parte das respostas que eu recebo pedem uma hora/dia e um numero de telefone em que eu esteja disponivel para comecar o processo de recrutamento, com uma primeira entrevista por telefone. Normalmente eu respondo que tenho dificuldades em perceber ao telefone porque oico mal, e que preferia pessoalmente. Peco se e' possivel encontrar-me com a pessoa pessoalmente. E aguardo resposta.

A maioria das vezes nem resposta recebo, ou entao nao compreendem a minha situacao e perco oportunidades.

Entao desta vez eu disse que sim! Dei um numero, aceitei o dia/hora.

Nesse dia fiquei em casa para estar mais 'a vontade (o meu manager deu-me permissao, e ate' teve a ideia de eu ficar em casa). Estava nervosa, acho que mais nervosa que uma entrevista pessoalmente... Quando o telefone tocou, atendi.. era uma voz feminina.. nao parecia ter sotaque (aqui no Canada, terra de imigrantes, ha' montes de gente que nao sabe falar correctamente ingles, e fica mais dificil de perceber), mas falava um pouco rapido(!). Depois de pedir para repetir algumas vezes eu avisei que tinha alguma dificuldade em perceber, e pedi para ela falar mais devagar e claramente.

Fez perguntas praxes, e o meu marido estava perto de mim a ouvir a conversa para me ajudar.

Houve algumas coisas que nao percebi. Parece que ela esqucia-se de falar devagar. E era tipo respostas/perguntas automaticas, como se ela tivesse dito vezes sem conta.

Acho que para primeira entrevista pelo telefone correu bem. Ate' agora ainda nao disseram mais nada, mas valeu pela experiencia.


Ontem fui a uma entrevista. Eu telefonei 'a senhora que preferia pessoalmente; e esta chamada foi sozinha :) Nao houve problema.

Ela avisou-me que a posicao em que candidatei-me precisava de alguem para falar constantemente ao telefone... ops... MAS eu disse que sim! Que era capaz! Que era uma questao de praticar e tentar e tentar. Que fui operada para poder usar o telefone (e mal uso, tenho ainda aquele "receio" dentro de mim). Eu consigo! E' uma questao do cerebro "aprender".

E de resto foi uma entrevista normal.

Nao e' que passado pouco de uma hora recebo resposta dela para segunda entrevista?? Ela primeiro pede para eu telefonar-lhe (sera' para eu praticar ao telefone? para ver se aceito o desafio?) Eu telefono sem pensar, e ela pergunta se estou disponivel "Tuesday" (Terca-feira), e eu percebo "Thursday" (quinta-feira), depois ela diz "day 17" e assim eu percebi!! Os numeros sao mais faceis! Ela envia entao o resto da informacao, e entrevista marcada!

Posso pedir para repetir, posso pedir para explicar com outras palavras, mas o que interessa e' que e' possivel eu perceber. E isto gracas ao IC.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Resultado de teste genetico

Ja recebi o resultado do teste genetico...
Verificaram se a minha surdez foi causada por uma especifica mutacao dos genes GJB2 & GJB6, porque dizem que estas causam surdez em 50 - 80% dos casos.

E o resultado foi....................................................

NEGATIVO :D

Mas ha outras mutacoes que podem causar surdez, por isso nao quer dizer que nao e' genetico.
Ha' apenas uma menor probabilidade de ser genetico.

Curioso sera' dizer que os resultados de Portugal ainda nao sei de nada (porque antes de vir para o Canada tambem dei sangue para testes geneticos)....

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Susto

Apanhei um susto ontem 'a noite!!!

Fomos jantar a casa de um casal amigo, a uns 50km da cidade de Toronto.
Saimos tarde de la', e eu cheia de sono, com mais ou menos uma hora de caminho em cima, adormeci no carro...
Passado um pouco (ao menos parecia) acordo, e ja' estou em casa.
Saio do carro. Entro em casa, arrumo as coisas.. e reparo que estou a fazer barulho a menos!! EH?! Meti a minha mao no ouvido direito e reparo que NAO tinha o IC!!!!!!!!!
entrei em panico, imaginando o que seria a minha vida sem o IC, sem poder ouvir tudo o que posso com ele, sem compreender perfeitamente o que as pessoas dizem, imaginei a estar a repetir imensas vezes "o que'?", apetecia-me chorar de raiva, e mais alguma coisa.. mas entretanto mantive a calma, fomos ver la' fora se estava no chao... telefonamos aos meus pais a perguntar se o IC estava no carro.. e dizem que SIM! Que alivio...
Digo para voltarem de volta a minha casa, porque nao queria ir para o trabalho no dia a seguir sem IC, e assim foi :)

Ja' imaginei tantas vezes perder o IC... ja' imaginei roubarem o IC, a pensarem que e' outra coisa qualquer... nao sei porque'. Medo de o perder? de partir? Deve ser.

E se eu adormecesse no autocarro ou metro, ele cai, e eu nao dou por isso?! :
BAH!

Pois e'... os meus pais estao ca' no Canada, vieram assistir o meu casamento :)
Ja' sou uma mulher casada e muito feliz :)

Desculpa nao estar a escrever muito por aqui.

Obrigada a todos pelos comentarios, e pela passagem :)

See ya...

sábado, 6 de junho de 2009

A Consulta

Cheguei cedo ao hospital, faltava ainda 50 minutos, e disseram-me para voltar 'a 1PM (a hora da consulta). Dei uma volta, comi qualquer coisa, e voltei para a sala de espera.
So' estava na sala 4 pessoas, pouco barulho, e muito calmo.

Exactamente 'a 1PM chamaram o nome... que pontaria! Alguma vez em Portugal?!!!

Como uma nova paciente tive que contar um resumo da minha historia (que se pode ler noutros posts neste blog).

O primeiro teste foi ela dizer, sem leitura labial os seguintes sons:
- Shhh
- Ssss
- Aww
- Oooo
- Mmm

Com o aparelho no esquerdo e o IC no direito, acertei a tudo.
Ja' so' com o IC errei no "Mmm" e "Aww".

Depois foi ela a dizer numeros. Novamente com aparelho e IC ligado, acertei a tudo.
Mas tambem acertei nos numeros apenas com o IC ligado.
Os numeros sao faceis.

De seguida foram perguntas e frases curtas. Acho que consegui acertar (quase) tudo - talvez uma ou outra palavra nao, mas eu percebia que pergunta ou frase tinha ouvido.

A seguir foi ouvir a voz de um homem a dizer palavras sozinhas :
As palavras sozinhas sao mais dificeis, porque ha tantas que nao da para a gente pensar um pouco e "adivinhar" :)
Nao sei qual o resultado das palavras, mas nao deve ser perfeito nem muito mau, talvez a ultrapassar o suficiente.

Ela pediu "fotografias" da cabeca.. eu mostrei uma fotocopia do raio-x tirado em Coimbra, mas como nao dava para ver muito bem, no fim da consulta tiraram 3 "fotografias" raio-x 'a minha cabeca.
Porque se acontecer alguma coisa a mim, eles querem o antes e o depois. Agora ja tem o antes..

Ela perguntou-me qual a origem da surdez.. eu disse que nao sabia, e nao sei, infelizmente!
entao perguntou se eu queria tirar sangue para eles fazerem o teste genetico. Disse-me que havia 4 (ou mais se descobriram outros entretanto..) genes (? nao sei se e' gene a palavra que ela falou) que eu podia ter, e se tivesse algum dele, mandavam uma carta para casa a avisar, e depois eu ia ao hospital para me explicarem o porque', o como, a evolucao, etc. etc.
E eu, sem hesitar, disse que queria fazer o teste ao sangue, pois claro!
So' que infelizmente, a responsavel pela unidade do sangue nao estava la', entao eu fiquei de ir la' daqui a duas semanas :)

Ela perguntou-me se eu tinha o comando do IC, eu disse que nao porque nao uso o camando. Esta' sempre no mesmo volume..
Ela disse que precisava do comando para programa-lo, e eu assim podia aumentar ou diminuir o som se eu quiser. Daqui a duas semanas ela programa o comando.

Fez a reprogramacao do IC... nao houve nada de comparar dois tipos de apitos e dizer qual era o mais alto ou mais baixo (como fazia em Portugal).
Ela reprogramou 'a base dos testes que fiz posteriormente.
Ela aumentou o som!
Perguntou se estava a incomodar, e eu disse que nao.
Perguntou se eu conseguia ouvir as diferencas entre o Mmm e o Oooo, e eu disse que sim, eram diferentes, obsolutamente.

Disse-me que estava a 85%, e que o comando eu poderia aumentar ainda mais.... Uuuuuuuu... Era mesmo isso que quero! So' porque o som nao me incomoda.

Gostei do atendimento, muito! :)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Consulta em Toronto

Ja tenho uma consulta marcada dia 5 Junho no Sunnybrook Hospital.

Gracas a uma troca de mensagens no Forum Implante Coclear em Portugal com o Jorge Marcedo, o responsavel em Portugal pela MED-EL, eu soube que o Sunnybrook Hospital tem Programas de Implante Coclear da MED-EL.

Ja estou registada no hospital, e' mostrar o meu cartao de saude e ir 'a consulta :)

Estou curiosa em saber qual a forma que eles trabalham. Se os testes sao os mesmos. Se vou ter aulas terapia da fala (tenho que lhes falar disso), de ver os equipamentos..

O ingles nao "entra" tao facilmente como o portugues. Mas isso deve ser normal, visto que foi um ano a ouvir portugues com o implante, e dentro de um mes de vez em quando a ouvir ingles.

Ainda leio muito os labios, principalmente o ingles. Sem a leitura labial eu baralho-me.
Nao quero dizer que nao consigo perceber nada sem a leitura labial, mas estou ainda tao habituada 'a leitura labial que concentro-me mais nisso.

De vez em quando falo com a minha prima ao telefone, 'as vezes e' preciso repetir, e acabo por perceber quase tudo.

No MSN com o video ligado, consigo perceber o que dizem... mas e' preciso eu estar sozinha, porque ao eu saber que tenho alguem ouvinte ao meu lado parece que fico mais surda LOL peco para me dizerem o que estao a dizer no outro lado! Funny...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A viagem

Nota: estou num portatil sem acentos :(


Nao tenho escrevido aqui porque ou nao tenho nada em mente para escrever, ou penso simplesmente que nao interessa a ninguem, ou porque nao me apetece, ou porque nao tenho tempo.. sei la'.

Mas, a viagem de aviao..
No aeroporto eu nao passei pelo detectores de metais porque insisti que tinha um implante coclear, lol.
Tipo, ja' com o IC desligado, cheguei e avisei logo "eu tenho um implante coclear, e se eu passar a maquina apita...".
O homem disse OK. E mandou-me passar..
E eu "mas tenho um implante coclear!" lol
Entao disse-me para seguir um colega dele, e nao passei por maquina nenhuma, hehehe.

So' voltei a ligar o IC quando o aviao ja estava muito alto..
Muito barulho, pois e' claro, tanto, que parece que estava a ouvir pior, tal como quem sai de uma discoteca.

Na descida, voltei a desligar.

Nada de outro mundo.

Nao notei diferencas nos sons, ou seja, em principio nao houve interferencias. Ainda bem, porque ainda nao sei onde vou continuar a programacao do IC :S ando mais preocupada em arranjar trabalho do que outra coisa.

Acho que estou-me a adaptar-me bem com o ingles, apesar de ainda nao ter muito contacto com as pessoas. Pode ser quando eu comecar a trabalhar.

Mas esta' tudo bem :)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Cartão Identificação Paciente

Já o tenho.

O que é?
É um papel/cartão, a indicar o meu nome, o nome do cirurgião/audiologista, telefone de contacto emergência e o número de série do meu implante.

Está escrito em várias línguas o seguinte:

"O proprietário deste cartão sofre de surdez profunda, mas pode experimentar sensações de audição com ajuda do sistema de implante. O sistema de implante é constituído por um estimulador implantado no crânio com ligação percutânea à bobina gasta exteriormente e processador de discurso.

Precauções: Para obter informações, consulte o Manual do utilizador, contacte o fabricante ou o cirurgião/audiologista.
Detectores de metal:
O implante e o processador podem activar sistemas de alarme, como, por exemplo, sistemas de segurança dos aeroportos, mas isto não irá danificar o implante.
Procedimentos médicos/cirúrgicos: Os seguintes procedimentos pode provocar no implante ou tecido nervosa e não deve ser utilizado na cabeça e região do pescoço:
- Electrocirurgião monopolar
- Diatermia ou neuroestimulação
- Terapia electroconvulsiva

Imagem por ressonância magnética exige alguns cuidados e pode ser realizado depois de consulta prévia com um funcionário da MED-EL.
Terapia de Radiação de Ionização: o risco de danos no implante coclear tem de ser cuidadosamente ponderado quanto aos benefícios médicos dessa terapia.
"

É este cartão que eu vou ter que apresentar quando passar pelo sistema de segurança do aeroporto no dia 1 de Maio :D
Vou mesmo para Toronto, tentar lá a minha sorte, e quem sabe viver uns bons anitos!

Tal como os equipamentos eléctricos, eu tenho que desligar o IC ao passar os detectores de metais, na subida e descida do avião... cá para mim, desligo logo quando entro no aeroporto, e volto a ligar depois de passar as máquinas no destino! Porque não convém haver interferências, porque nem sequer sei ainda onde vou continuar com os ajustes lá no Canadá :S
De qualquer forma penso que não vai ser difícil descobrir.

:)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Emigrar... será?

Já sei que posso andar de avião...
(já sabia, mas queria ter a certeza)

Será que um dia vou estar a escrever um post em Toronto? ;)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A minha educação

Como já disse aqui no blog, eu vivi no Canadá entre os 5 e 13 anos, e foi lá que detectaram a minha deficiência auditiva (sei que há quem não concorde com a palavra “deficiente”... mas é mesmo isso que tenho, porque afinal o meu ouvido não é “normal” - espera aí... eu escrevo normal entre aspas porque penso que não existe nada normal, é muito relativo.. e só com isto posso dar alguma razão a quem não concorde com a palavra deficiente, tal como eu não acredito na palavra normal.. não existe nada normal, como também não existe nada perfeito. Mas vá, já estou a sair do assunto..).

Antes dos 5 anos mal falava, porque ouvia mal, e não sabia como falar.

Quando comecei a usar aparelhos auditivos, com 5 anos, comecei a aprender inglês.
Não estava sempre na mesma casa, portanto, os primeiros anos frequentei escolas diferentes. Estas primeiras escolas frequentava com pessoas diferentes que eu, ouvintes. No entanto tinha aula de apoio para não ficar tão atrasada em relação aos outros.
Não me lembro muito bem como era. Lembro da sala de aula barulhenta, cheia de miúdos activos a andar um lado para o outro. Eu era uma miúda calma, tímida, caladinha, sempre a observar os outros, tentado perceber, e ao mesmo tempo sonhar com que eu não percebia.

Na 3º ano, fui para uma escola diferente. Longe de casa, mas tinha sempre o autocarro (aqueles amarelos que aparecem nos filmes, estão a ver?) para me ir buscar a casa e levar a casa, independentemente da distância que era.
Eu chorei quando a minha mãe me disse que ia mudar de escola, porque (se calhar) estava a gostar de estar onde estava na altura.
Era uma escola igual às outras, com a única diferença de ter apenas DUAS turmas frequentadas por pessoas que ouviam mal. E eu ia para uma delas.
Destas turmas, cada uma tinha no máximo 10 alunos (e 10 já é muito, o melhor seria paí 7, mais ou menos).
Cada turma tinha no mínimo dois professores, sim DOIS!
A sala de aula era diferente que as outras. Tinha tapete para o espaço ser mais silencioso. Era tudo a pensar em pessoas que ouviam mal (quanto mais silencioso é uma sala de aula mais concentrado ficamos, certo? E como nós temos que estar ainda mais concentrados para apanhar tudo.. é cansativo.. ficamos mais cansados, mais vale a pena o esforço.)
Claro que há alunos e alunos.
Um aluno ouvinte pode perceber tanto como um aluno surdo.. basta o surdo estar concentrado o suficiente, o ouvinte estar a olhar para o nada, distraído.
Fazia-se tudo naquela sala. As professoras ensinavam tudo.
Os meus colegas ouviam tanto, ou melhor, ou pior que eu.
Todos falavamos oralmente em inglês.
Não chegamos a aprender Língua gestual. E acho que foi pelo facto de não precisarmos.
Confesso que gostava de saber mais do que sei. Mas ainda vou a tempo para aprender. Penso que é mais uma valia para mim. O saber não ocupa lugar!

Havia colegas que falavam piores que eu. Mas falavam.
Eu lembro de ouvir frases mal feitas. Frases que a mim não faziam sentido, mas percebia-as.
(fico então a pensar, se uma pessoa está à volta de pessoas que são 'piores' que elas, será que evoluem mais devagar? Não seria melhor ter colegas melhor que nós para podermos aprender mais? Eu acho que sim. A minha mãe até me dizia isso muitas vezes.. agora é que me estou a lembrar que não foi ela que decidiu em meter-me numa escola diferente, foi talvez o médico? É capaz.)
Uma pessoa no meio de pessoas que falam mal, acaba por falar mal também, penso eu.
Se eu ler livros mal escritos, vou pensar que é tal maneira que se deve escrever e depois sou eu escrevo mal.
Se não houver ninguém que nos diz que está mal, como é que sabemos que está mal?
Pode estar mal para uns, e bem para outros. Está bem, mas há casos e casos.

Hoje em dia até digo palavras e frases mal feitas. Verbos trocados e afins.
Se ninguém me corrigir como melhoro?
Ainda não me esqueci quando me disseram que estava a dizer mal a palavra "distinguir", dizia mal o "G".
E então quando eu dizia "algueres"? LOL. Nem sequer existe, é "algures". Eu sabia lá. E foi preciso alguém me dizer que não existe, e corrigir-me para eu saber!
Porque é a tal coisa, se eu digo alguma coisa é porque penso que existe e está bem.. porque não sou daquelas pessoas que vão dizer cenas que acham que está bem.
A maior parte das pessoas não corrigem. Se calhar é porque a maior parte das pessoas não gostam de ser corrigidas.
Eu gosto que me corrigem!

Voltando atrás...

Eramos todos de nacionalidades diferentes :)
Uma portuguesa (eu), um chinês, um do Vietname, uma de Jamaica, uma indiana, uma da Holanda.. já não me lembro do resto.

Chegou uma certa altura que eu (e mais um colega) era muito boa em matemática, boa em comparação com os outros colegas. Se estava com eles a aprender matemática, a mim era muito fácil e banal.
Então, comecei a frequentar as aulas de matemática em conjunto com as pessoas ouvintes :)
Sempre gostei de matemática.
Na turma dos ouvintes, em matemática, eu já não era assim tão “boa” (a comparar com eles, claro).

Ficava sempre na primeira fila.
A usar sempre o FM.
As minhas notas estavam sempre dentro da média. Uma boa média.

Acho que se a escola fosse apenas para surdos, eu não evoluía assim tão bem..
Penso que o facto de estarmos “misturados” é muito bom para os dois.
Para eles, porque ficam a conhecer que existem pessoas como nós.
Para nós, porque afinal das contas há mais ouvintes que surdos, e convém estarmos à vontade com pessoas ouvintes e socializarmos com todos.

Estive nesta escola até ao 7º ano.
Só porque voltei para Portugal.
Chorei e chorei.. não queria sair de lá.. tal como eu agora não quero sair de cá .. é sempre a mesma coisa :)

Do 8º ano ao 12º frequentei a mesma escola cá em Portugal.
Fui para a turma que tinha menos alunos (que era considerada a pior turma, bahh).
Estava sempre na primeira fila.
Sempre atenta.
Falava muito mal português.
Os colegas foram compreensivos (claro que fui gozada, quem não foi?), mas eu sempre levei quase tudo na boa, tudo na brincadeira como também a sério.
Fui magoada vezes sem conta.
Até que conheci um grupo de amigos civilizados.

Sempre tive apoio de Português.
Era duas vezes por semana uma hora com o professor.
Aprendi muito graças a estas curtas horas.
Aprende-se sempre melhor sozinha e com um professor, do que um professor e um conjunto de pessoas.
Quando tinha dúvidas, tirava-as (enquanto na sala de aulas não as tirava, desenrascava-me).

Na faculdade foi tudo "normal".
Só no último ano é que souberam que eu ouvia mal.

O que vale é que durante a minha vida, só tive que repetir um ano da faculdade (e isto só porque baldava-me muito..).

A minha mãe diz que graças à leitura eu sei o que sei hoje, porque já pequena gostava de ler muito :)
Mas também, para quê ver os desenhos animados (que era a primeira coisa que o meu irmão mais novo ia ver de manhãzinha), se eu não percebia nadinha?! É difícil ler os lábios deles, lol.

Penso que qualquer pessoa, surda ou ouvinte, que queira aprender, pode.
É só esforçar e fazer por isso.
Temos que acreditar que conseguimos.
Tudo é possível.
Independente dos sons que ouvimos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

piu piu

Ondo a ouvir muitos "pius" logo pela manhã :)

Será do novo ajuste, ou esta altura há muito passarinho por aí :)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ajuste, e telefone

Já às 5h40 o meu despertador estava a vibrar.. Fiquei mais uns 10 minutos na caminha, e levantei-me.
Apanhei o Alfa das 7h09 para Coimbra-B.
No comboio, ainda o sol estava escondido... parecia que estava com preguiça em se levantar, tal que havia cor de rosa por todo o lado :) vista linda!
Já estava com saudades em andar de comboio a longa curso.. e depois de hoje, com um dia lindíssimo, só me apetece tirar férias e vaguear por Portugal!!

Ajustou-me o IC.
Eu não consigo dizer logo à partida se está diferente ou não, tenho que estar um tempo com o novo ajuste para depois (tentar) responder se está diferente, pior ou melhor. Neste momento posso dizer que parece-me estar melhor. Penso que os sons estão mais claros, mais bonitos, mais suaves.
Hoje fiz testes ao telefone! Pela primeira vez!
São testes como os outros (ouvimos palavras/frases e dizemos o que ouvimos/percebemos) só que em vez de ser cara a cara (com os lábios tapados pois é claro), é pelo telefone!
Bem, os resultados? Foram maior que 80% :)
As frases ao telefone tive que pedir para repetir pelo menos uma vez (ou duas), mas acabava por ficar a perceber o que se dizia.
As palavras correram melhor do que eu pensava.

À uns meses atrás andava nos 40% e tais, hoje é o dobro!
O meu treino é simplesmente o meu dia a dia :)

Os bons resultados incentivaram-me a telefonar à minha mãe.. não é esse o objectivo deles (e meu!), poder falar ao telefone? Ah pois ;)

Eu ouvia a voz da minha mãe.. e percebi o que ela dizia no outro lado :)
É claro que foram palavras simples e talvez lógicas. Mas eu percebi!
De tão feliz que ela ficou, passado uns minutos estava ela a telefonar-me.. atendi, e ouvi a voz de um homem.. disse que primeiro era o meu pai, mas depois vi que era meu irmão! Com ele também consegui perceber a maior parte das palavras (simples também), mas ele por vezes parecia que estava atrapalhado e não falando assim simples e “directo” eu ficava também atrapalhada. Uma palavra que tive dificuldade em perceber foi “net”.. não entrava no ouvido.
Depois de eu desligar, porque não estávamos a dizer coisa com coisa, tentei telefonar à minha melhor amiga só que ela não atendeu! Soube depois que estava a dormir, lol. Já estou mesmo a ver que agora no princípio quando quero telefonar a alguém, as pessoas ficam a olhar para o número e pensam “a Sara a telefonar? Não pode ser..” lol..

Tenho que tentar mais vezes! Só espero é não ficar viciada, lol.

Valeu! :)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tive fome de ouvir!

Depois de mais de um dia no silêncio no ouvido direito, fiquei com fome de ouvir!!

Até que no Sábado aproveitei uma promoção (apesar de três pilhas estarem a durar 1 diazinho...), e comprei 18 pilhas!

Mesmo antes de pagar já tinha posto as pilhas no IC, com um desejo enorme de ligá-lo...
Ai tão bom foi a sensação de ouvir os sons que entraram no meu ouvido.. fiquei logo com outra expressão na cara (não sei se a senhora reparou, mas é capaz), toda feliz da vida, paguei e sai para a rua.. ouvi melhor os carros, o barulho das obras, o meu andar estava com som mais claro, a minha voz (quantas vezes é que me senti rouca quando o IC estava desligado? uii).. estava tudo tão bonito!

Já voltou tudo ao "normal".. se calhar até vou fazer isto de vez em quando, estar em silêncio durante algum longo tempo, e sentir as sensações todas como se fossem a primeira vez..
Sabe tão bem :)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

zumbidos

estou com uns zumbidos no ouvido implantado...
são tipo altos, mas ao mesmo tempo não são.

Até parece que estou a ouvir alguma coisa no lado sem IC ligado... mas é tudo "imaginação".

O IC faz toda a diferença

Mas faz mesmo.

Hoje não tenho a pachorra para estar sempre a mexer no fio.. estou sem ouvir no lado implantado :(

E começo a perceber muito melhor a falta que o IC me faz.
Fico triste por não estar a ouvir coisas banais.

Não gosto de ser dependente.. e sou com o IC.
Também com os aparelhos.

Posso parecer uma pessoa que oiço bem, mas tenho estes momentos que os ouvintes não passam por.
Não têm que gastar dinheiro para pilhas.
Não têm que gastar dinheiro e tempo para consultas.
Não têm que preocupar com os sons.
Não têm de fazer esforço para ouvir.
Não têm que pensar no que estão a ouvir.
A vida não é a mesma.

Só digo a todos os ouvintes "aproveitam a audição enquanto a têm..."

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

há desvantagens como tudo na vida

Há algumas formas de utilizar o meu IC da Medel, como se pode ver no seguinte site

Ultimamente tenho utilizado a "caixinha"



Porquê?
Porque não tenho mais pilhas!! E baratas não são, como já escrevi noutro post.

Apesar de eu parecer estar a ouvir música, como já disse muita gente, não é isso o que me está a irritar ultimamente..
Mas sim, o fio que é fininho sei lá o quê.
Acontece que na ponta do fio, mesmo ao lado da "caixinha", está com mau contacto.. ou seja, um toquezinho e deixo de ouvir.. tenho que dar um jeito e oiço novamente..
É tão chato que já tive alguns momentos sem paciência que nem dei ao trabalho de dar um jeito ao fio.
Infelizmente, um dia mais tarde o fio vai acabar por deixar de funcionar.. e eu tenho que ver como vou fazer :S
Nem tudo dura para sempre.

Então e quando a luz vermelha pisca, sinal de que está desligado? uiii... é que nem imagino o que passa pela cabeça das pessoas :)

Ver se resolvo isto do fio o mais rápido possível.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Preciso de ir a Coimbra ajustar o IC.

Parece que está mais baixo que o normal.
Ou então eu já estou tão habituada que como antes parecia muito alto e bom, agora já é "normal".
É a vida!

De qualquer forma eu acho que podiam pôr mais altinho... que eu gosto muito de ouvir!

Já vi que não é barato ter um IC... as pilhas que eu gasto... logo 3 pilhas pequenas em 3/4 dias!! Dá mais ou menos 1 pilha por dia!! Bah!!
Sei que vale a pena.. mas é um abuso.. e o mal é que logo aí tenho mais despesas que as pessoas que ouvem bem e não precisam de aparelhos nem nada, e mesmo assim o governo não percebe disso, ou então não quer perceber, nem ajudar. Huff.

Posso dizer que já estou tão tão habituada ao IC, até que nem me lembro de novidades para cá escrever.

É normal que eu estou percebendo melhor as pessoas sem leitura labial, pois claro.
Mas as pessoas reparam mais nisso que eu! Estão a ver?

*

Gosto de saber que há quem lê o meu blog e fica com esperança :)
Uma das razões que o criei foi porque na altura também gostava de ter lido um blog a descrever qual é a experiência.
Posso não actualizar constantemente, mas decerto que todos os dias há quem vá ser operado/a e gostaria de saber que não está sozinho/a :)